5 de outubro de 2009

USP desenvolve pele artificial para evitar testes com animais.

Um dos assuntos que eu tenho focado bastante aqui no blog é sobre testes em animais, sobre essa crueldade desnecessária em pleno século XXI.

Esse fim de semana saiu na UOL uma matéria muito importante que diz que está sendo criado pela USP uma pele artificial que substituirá os testes em animais.

Isso é uma grande conquista, pois ainda existem muitas empresas que testam em animais por causa do alto custo de importação desse material extremamente sensível.

Agora ele será fabricado no Brasil e teremos que ficar de olho nas empresas para cobrar a mudança dos métodos de testes. Boicote empresas que ainda façam testes em animais e escreva e-mails exigindo a mudança.

Já ficou mais do que comprovado de que há outras opções, além de ser claro que as pessoas são diferentes dos animais, muitos produtos e medicamentos testados em animais foram retirados de circulação por apresentarem diversos efeitos colaterais em humanos, ou seja, não adianta testar em outra espécie, tem que testar em humanos mesmo!!

Ah, logo abaixo, há um link para o site da UOL divulgando uma enquete sobre os testes em animais, acesse e vote que voce é a FAVOR da interrupção do uso de animais em testes.

É uma crueldade desnecessária nos dias de hoje.

bjs e leiam a matéria muito interessante.

Jana

Vote na enquete: "Você é a favor da interrupção do uso de animais em testes?"

"Um laboratório da USP desenvolveu uma pele artificial que pode substituir testes de cosméticos em animais e ajudar também em sua redução nos testes farmacológicos.

Agora, as pesquisadoras estão em fase de contatos com empresas para viabilizar o financiamento da utilização do modelo desenvolvido, apesar de ele já estar pronto há cerca de um ano.

De acordo com a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP Silvya Stuchi, responsável pela pesquisa, já existem outros modelos de pele artificial sendo utilizados nos Estados Unidos e Europa. No entanto, há dificuldades de transporte e importação, já que é um material vivo e sensível.

Assim, quando há a demanda de não usar animais no Brasil --ou pelo menos usar menos--, o que acaba acontecendo é o envio dos princípios ativos dos cosméticos para testes no exterior. O problema é que a indústria brasileira gasta muito para fazer testes em outros países.

"Desenvolvemos uma estrutura de pele completa, com três elementos", diz Stuchi. "o melanócito, responsável pela pigmentação; o queratinócito, responsável pela proteção; e o fibroblasto, segunda camada", explica ela.
"A partir deste ano, na Europa, já não há testes em animais para cosméticos, é algo mandatório", afirma a professora Silvia Berlanga, corresponsável pela pesquisa na USP. "É uma tendência mundial."

Para cosméticos como filtro solar e creme antirrugas, a questão fica mais fácil de resolver com a pele artificial e por isso animais já foram totalmente substituídos no continente europeu. Porém, a questão fica mais dificil no que toca à indústria farmacêutica, diz Berlanga. "Os medicamentos podem envolver também ingestão via oral, ou mesmo endovenosa [pelo sangue]", explica ela.

Fármacos envolvem absorção pelo organismo, o que vai além da pele em si. Por isso, neste caso, o que ocorreu foi a redução do uso de animais, já que ao menos certas etapas de testes puderam ser substituídas.

Motivações
O representante da Interniche (International Network for Humane Education) no Brasil, o biólogo e psicólogo Luís Martini, estima que ainda mais de 115 milhões de animais sejam usados por ano no mundo em experimentos e testes.


Uma motivação para a transferência para modelos de laboratório é a própria importância científica de trabalhar com a pele da própria espécie humana, que é específica. "Assim trabalha-se com algo mais fidedigno ao que é real", explica a professora Silvya Stuchi.

Martini esclarece ainda que, devido às diferenças fisiológicas entre as espécies, há "inúmeros casos em que medicamentos que foram desenvolvidos e testados em animais tiveram que ser retirados do mercado por terem causado efeitos adversos severos quando foram utilizados por seres humanos".

Outro motivo é a "ética da experimentação" ao lidar com os animais, como diz Berlanga. "Mesmo que fique mais caro com a pele artificial, é importante reduzir o uso de animais", diz ela.

George Guimarães, presidente do grupo de defesa dos direitos animais Veddas, vai mais além. "Consideramos isso [uso de animais] inaceitável do ponto de vista moral e ético, uma vez que esses animais não escolheram ser usados para servir aos nossos interesses."

O ativista e nutricionista afirma ter levado a Brasília, na época da aprovação da lei Arouca, que regulamentou os experimentos com animais em outubro de 2008, um total de 26 mil assinaturas buscando expor sua visão. Mas diz não ter obtido espaço com os parlamentares, que só recebiam "representantes das instituições científicas".

Martini completa dizendo que "os experimentos em animais causam dor e sofrimento". Assim, "segundo o princípio da igual consideração de interesses semelhantes, deveríamos respeitá-los nos seus direitos básicos que são o direito à vida, à integridade física e à liberdade."

Desenvolvimento
A matéria-prima utilizada para criar a pele é na verdade de doadores humanos mesmo, que fazem cirurgias plásticas --no caso do laboratório da USP, são utilizadas doações do Hospital Universitário. Assim, as células são cultivadas em placa de petri e são formados os tecidos, incluindo a derme e epiderme.

O objetivo original do desenvolvimento da pele, no entanto, que começou há 15 anos, foi para o estudo do melanoma, um tipo grave de câncer de pele.

De lá para cá, a professora Stuchi cita dois marcos importantes. O primeiro foi a parceria com os pesquisadores do Instituto Ludwig de Pesquisa Sobre o Câncer, estabelecido no Hospital do Câncer em São Paulo, com quem aprendeu muito o isolamento das células, a partir de 2005.

O segundo marco foi com uma primeira bolsa da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) entre 2007 e 2008, sua temporada como pesquisadora visitante na Universidade de Michigan, EUA. Lá adquiriu diversos tipos de tecidos de pele humana e pôde fazer testes com eles no Brasil, obtendo realmente o conhecimento sobre como fazer a estrutura da pele.

Em 2009, o projeto de pesquisa na USP obteve nova verba da Fapesp, por meio do qual, aprimoramentos no modelo de pele estão sendo realizados.

Fotos dos animais: PEA

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